quarta-feira, 21 de março de 2012

Semana do Ambiente no CRE | 19 a 23 de março


Fonte: Vladstudio
No CRE associa-se o dia Mundial da Floresta e o Dia da Poesia com um concurso de ilustração baseado no poema de António Gedeão "As árvores crescem sós".
Em articulação com os professores de Ciências da Natureza, esta atividade pretende sensibilizar @s alun@s para a necessidade de conservação da natureza, estimulando a reflexão e a criatividade.
Os resultados do concurso serão divulgados após a apreciação realizada por um júri constituído pela coordenadora da disciplina de ciências da natureza, pela representante d@s alun@s e pela coordenadora do Centro de Recursos Educativos.


As árvores crescem sós.
E a sós florescem.
Começam por ser nada.

Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretando dar flores

António Gedeão (1906|1997)

Sem comentários: